FUCK ME BLIND é um dueto inspirado em Blue, último filme autobiográfico de Derek Jarman. Rodado pouco antes da morte do realizador por complicações associadas à SIDA, Jarman assume neste filme o seu fim iminente como uma reivindicação ativa de toda a sua existência. Através da utilização do azul Yves Klein, Jarman encontra uma forma de fazer do seu corpo, que se tinha tornado invisível aos olhos de uma sociedade puritana, uma porta onde o infinito se torna tangível.
O monocromatismo é o estímulo para iniciar uma pesquisa tangível do corpo em rotação contínua em direção ao infinito. Os bailarinos desenham um mapa real no espaço, implementando entre eles dinâmicas de atração e repulsa. Eros e Thanatos tornam-se o princípio do movimento, a força centrífuga e centrípeta como pulsão sexual e mortal. Os dois corpos dançantes e sero-discordantes utilizam códigos estéticos que revelam uma nova dança homo-folclórica, exercendo a mesma pretensão de existência do realizador. Utilizando as mesmas ferramentas não narrativas do filme, FUCK ME BLIND pretende criar uma experiência hipnótica, tendo como pano de fundo uma paisagem homoerótica.
No filme de Jarman, o azul torna-se o corpo, em FUCK ME BLIND o corpo dançante torna-se azul.
Podemos tratar-nos por tu?
Conversa público-artistas após o espetáculo.
*E entrada é feita por ordem de chegada, mediante levantamento de senha a partir de 30 minutos antes do início da sessão.
conceito e direção
Matteo Sedda
coreografia e performance
Marco Labellarte e Matteo Sedda
som
Gio Megrelishvili
dramaturgia e desenho de luz
Margherita Scalise
produção
Fuorimargine - Centro di Produzione di danza e arti performative
apoio
S'ALA Produzione, Grand Studio, Bora Bora, FESTIVAL + DE GENRES, Festival Pedra Dura, LILA Cagliari, AIDS, archives, and arts assemblies in Belgium, Bamp, Ad Lib - Residência Belgica LIBITUM, Thor Company / Thierry Smits, oester, Destelheide e Théàtre de Vanves
Projeto selecionado para DNAappunticoreografi.
duração 30 min.
M/12
Matteo Sedda (Sardenha, 1990) iniciou o seu percurso na dança na companhia Troubleyn, participando de diversas produções, entre elas Mount Olympus/24h e a peça solo The Generosity of Dorcas. Colaborou e trabalhou como intérprete e coreógrafo freelancer para vários artistas, incluindo Enzo Cosimi, Aïda Gabriels, Igor x Moreno e Dag Taeldeman & Andrew Van Ostade. Desde 2018, Sedda é um artista-ativista contra o HIV/SIDA. Como pessoa que vive com o VIH, conduz pesquisas baseadas no corpo marcadas pela resistência. Ao reapropriar-se de linguagens de diferentes disciplinas e inspirar-se em artistas falecidos do GRID (Gay-Related Immune Deficiency), a sua investigação coreográfica pretende voltar-se para o passado para criar narrativas que ressoem com o presente contemporâneo.